A tecnologia é grande aliada na redução de custos de departamentos jurídicos das empresas, especialmente nas de grande porte? A resposta é afirmativa, já provam muitas pesquisas e estudos desenvolvidos para dimensionar esses ganhos, e tem peso significativo na decisão de investimento. No entanto, reduzir custos não é, ou não deveria ser, a questão central, diz Thiago Parra, consultor da Petrobras, uma das maiores petrolíferas de capital aberto do mundo. Diferentemente do usual no mercado, consultor é uma função de carreira técnica da Petrobras, em que Parra trabalha desde 2008.
Formado em administração de empresas e “desde sempre” um aficionado por tecnologia, o consultor explica que o acelerado desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, que continua avançando e será ainda mais rápido daqui para frente, afeta o dia a dia de pessoas e empresas. Por isso, a questão central em âmbito corporativo deve ser: “qual o impacto das tecnologias nos negócios?”. “Esse é o debate principal e para responder a essa questão é preciso investigar quais são as necessidades organizacionais, quais as soluções disponíveis e em desenvolvimento no mercado, quais são as principais tendências tecnológicas, e como podemos interagir com o ecossistema (departamentos e escritórios jurídicos, fornecedores e institutos de pesquisa) a fim de garantir que as melhores ideias sobre gestão e aplicação tecnológica sejam geradas e seu valor capturado pelos diferentes agentes do mercado”, explica.
Parra é um dos responsáveis pela transição tecnológica do departamento jurídico da Petrobras. Para melhor direcionar esse processo, o consultor coordena um grupo de trabalho responsável por realizar um grande benchmark acerca do panorama atual da tecnologia aplicada ao universo jurídico. “Estamos falando com departamentos jurídicos de outras empresas, fornecedores de tecnologia, instituições de pesquisas, enfim, com os principais personagens desse mercado no país e no exterior, avaliando o que há disponível hoje, o que está sendo implantado e o que está sendo pesquisado e em desenvolvimento. Assim, podemos avaliar o que nos agrega mais valor e estabelecer um roadmap para nossa evolução tecnológica”, diz Parra, que dará palestra na Legal Tech Forum.
No evento, que será realizado na capital paulista nos dias 22 e 23 de maio, o consultor abordará também outras decisões importantes que as empresas devem tomar quando decidem automatizar seus processos. “Frequentemente trata-se de um investimento alto e é necessário avaliar o valor que vai agregar e os requisitos da implementação. É preciso ponderar, por exemplo, sobre o que desenvolver internamente, à luz da estratégia empresarial e da política de segurança de dados; e o que se pode buscar no mercado. Soluções para uso geral, ou seja, que não agregam valor especificamente a uma organização, frequentemente são mais bem desenvolvidas pelo mercado, pois dessa forma o custo de desenvolvimento será repartido por todos, quando essas tecnologias estiverem à venda”, observa Parra.
Em sua palestra, o consultor também falará sobre tecnologias que podem melhorar a eficiência operacional dos departamentos jurídicos das companhias, colaborando para a redução de custos. Na Petrobras, foi implantado em 2016 um método para analisar o histórico de processos de um determinado grupo, gerando automaticamente o provisionamento para essa família de processos, ele exemplificou. “Por causa dessa tecnologia, o cuidado individual dos advogados para estabelecer e conferir a expectativa de perda e a valoração de aproximadamente 55 mil processos deixou de ser necessário. Assim, economizamos tempo dos advogados, que podem se dedicar a trabalhos mais criativos e intelectuais, e ganhamos em segurança operacional, já que a provisão desse grupo de processos agora decorre de procedimento mais simples e eficiente”
Sobre as tendências tecnológicas que devem impactar profundamente os departamentos jurídicos empresariais, Parra abordará ainda o uso de inteligência artificial, que tem grande potencial para tornar o trabalho jurídico mais eficiente e eficaz. Falará também sobre a importância da arquitetura de dados e de processos de trabalho, que habilitam não só diferentes usos de inteligência artificial, mas também o gerenciamento baseado em dados.
“A inteligência artificial vem conquistando mais espaço em todos os setores mais fortemente nos últimos dez anos, mas no mundo jurídico, uma área bastante conservadora, ainda é relativamente pouco usada, com avanços incrementais (e, portanto, não disruptivos). No entanto, é a grande tendência porque ela pode realmente empoderar os advogados, automatizando atividades – o que livra o tempo dos profissionais para trabalhos criativos e intelectuais – e conferindo maior poder preditivo às análises, contribuindo profundamente para o estabelecimento das estratégias processuais mais adequadas”, garante Parra.
Legal Tech Forum
Além de como os escritórios de advocacia estão se preparando para inserir cada vez mais as novas tecnologias no dia a dia, a Legal Tech Forum, promovida pelo Intelijur – Inteligência Jurídica tem uma agenda repleta de conferências nos dois dias do evento. São mais de 20 palestrantes convidados e com larga experiência para debater temas como segurança da informação, direito digital, eficiência e produtividade, tecnologia nos tribunais, entre outros de grande interesse da área do Direito. No evento, os participantes terão acesso ainda às mais novas tecnologias voltadas para o setor jurídico, que estarão sendo lançadas numa área de exposição destinada às principais empresas que operam nesse mercado.
InteliJur é uma empresa de informação e relacionamento focada no mercado jurídico. Por intermédio do portal, reúne advogados de empresas (FDJUR), advogados de escritórios e prestadores de serviços, com notícias, informações e pesquisas. Através do Diretório Jurídico é possível que os departamentos jurídicos ou outros advogados interessados em prestadores de serviços jurídicos encontrem os escritórios com perfil ideal para contratação. Eles podem selecionar o perfil do escritório selecionado por localização, porte do escritório, áreas jurídicas de atuação e até por setores da economia que o escritório tenha expertise.
FDJUR – Fórum de Departamentos Jurídicos – é o maior e mais completo fórum de relacionamento e discussão de boas práticas na gestão de departamentos jurídicos do País. Foi criado há dez anos como uma associação sem fins lucrativos e exclusiva para profissionais de departamentos jurídicos. Por intermédio de ampla rede de contatos, interage com mais de 10.600 profissionais de departamentos jurídicos em 4.887 empresas. Tem a missão de estimular e promover debates, estudos e pesquisas; investir no conhecimento técnico, além de valorizar, reconhecer e premiar as boas práticas de gestão na área.
Foto: Portal Marítimo
