Napoleão Bonaparte, um dos grandes defensores da matemática e um Imperador muito preocupado com a cultura e educação do povo francês, defendeu publicamente que “o avanço e a perfeição da matemática estão intimamente ligados à prosperidade do Estado”. O que a matemática tem para oferecer hoje ao setor jurídico no Brasil? Em palestra proferida pelo matemático e professor da PUC-RJ Hélio Cortes Vieira Lopes no Legal Tech Fórum, sobre Legal Analytics – Dando Valor aos Dados Jurídicos, você verá que tem e muito! Acompanhe a entrevista especial que fizemos com ele:
Intelijur – Como se podem valorizar os dados jurídicos? Quais são os sistemas que vocês utilizam e qual a segurança desse sistema?
Na minha visão, a análise de dados jurídicos pode ajudar todos os agentes envolvidos no processo, os juízes, os promotores e os advogados. Existem hoje tecnologias e modelos matemático-estatísticos que permitem analisar os textos das iniciais, das contestações e das decisões e extrair deles informações. Mais ainda, com a experiência das análises dessas informações por esses agentes, transformar elas em conhecimento. Essas análises podem ser preditivas (por exemplo, para responder qual a probabilidade de vencer a ação?) ou prescritivas (por exemplo, Qual seria o melhor momento para a busca de um acordo?). Tudo isso envolve um conhecimento forte do nosso grupo em Ciência de Dados. Nosso grupo é bastante multidisciplinar, e desenvolve internamente todos os nossos sistemas com todo cuidado de segurança e privacidade.
Intelijur – A área da Ciência de Dados é a área base para a valorização dos dados. De que maneira você enxerga o futuro dessa área no país? O que os futuros cientistas de dados podem esperar do mercado?
A área de Ciência de Dados estuda como transformar dados em informação e informação em conhecimento. A meu ver, essa área será cada vez mais requisitada, visto que todos os setores produtivos do país estão querendo cada vez mais usar dados para auxiliar a tomada de decisão. No século XX, muitos diziam que a segunda língua para nós deveria ser o inglês, já no século XXI, vejo que a segunda língua deveria ser a língua dos dados. Quem não souber programar e analisar dados em qualquer que seja a profissão, estará desvalorizado no mercado.
Intelijur – Quais foram os melhores resultados obtidos até o presente momento? De que maneira o seu projeto poderá ajudar o país a melhorar e em quais sentidos?
Hoje já temos um sistema que faz análise de dados jurídicos para auxiliar juízes, promotores e advogados. Esse sistema faz buscas, modelos preditivos, e extração de informações das sentenças. Ele ajudaria principalmente em casos de advocacia de massa.
Hélio Lopes é Professor Associado do Departamento de Informática da PUC-Rio. Possui doutorado em Matemática (1996), mestrado em Informática (1992) e bacharelado em Engenharia de Computação (1990). Todos esses graus foram obtidos na PUC-Rio. Trabalhou de 1996 a 2011 no Departamento de Matemática / PUC-Rio como Professor Assistente / Associado e em 2001 no Departamento de Ciência da Computação da PURDUE University como Visiting Scholar.
InteliJur é uma empresa de informação e relacionamento focada no mercado jurídico. Por intermédio do portal, reúne advogados de empresas (FDJUR), advogados de escritórios e prestadores de serviços, com notícias, informações e pesquisas. Através do Diretório Jurídico é possível que os departamentos jurídicos ou outros advogados interessados em prestadores de serviços jurídicos encontrem os escritórios com perfil ideal para contratação. Eles podem selecionar o perfil do escritório selecionado por localização, porte do escritório, áreas jurídicas de atuação e até por setores da economia que o escritório tenha expertise.
FDJUR – Fórum de Departamentos Jurídicos – é o maior e mais completo fórum de relacionamento e discussão de boas práticas na gestão de departamentos jurídicos do País. Foi criado há dez anos como uma associação sem fins lucrativos e exclusiva para profissionais de departamentos jurídicos. Por intermédio de ampla rede de contatos, interage com mais de 10.600 profissionais de departamentos jurídicos em 4.887 empresas. Tem a missão de estimular e promover debates, estudos e pesquisas; investir no conhecimento técnico, além de valorizar, reconhecer e premiar as boas práticas de gestão na área.